INTIMIDADE NÃO É SEXO
Essa é uma confusão frequente das
pessoas. Acham que ter intimidade é igual a transar ou fazer amor, como
preferem nomear. Mas esse é um erro
conceitual.
Podemos ter sexo sem ter intimidade
nenhuma com a outra pessoa. Essas são aquelas experiências quando duas pessoas
se conhecem “numa noite”, sentem tesão uma pela outra e decidem fazer sexo. Elas
se conhecem de forma bastante superficial e, portanto não têm intimidade.
Por outro lado, encontramos também
casais que passam a vida inteira juntos, fazem sexo, até conversam de vez em
quando, mas não compartilham suas questões mais profundas, nem seus sentimentos
mais íntimos. Estes também não têm intimidade.
A construção da intimidade depende
de uma relação que se prolonga no tempo,
mas o tempo por si só, não garante que um casal seja íntimo. Para que haja
intimidade, é necessário que os parceiros se predisponham a revelar-se e a conhecer o outro mais profundamente.
Vivemos numa cultura extremamente
ansiosa especialmente em termos relacionais. Queremos e chegamos ao sexo ou a
paixão muito rapidamente, mas não damos tempo necessário e nem saboreamos a
construção de uma intimidade afetiva consistente.
Sobonfu Somé, autora do livro “O Espírito da Intimidade” aborda os ensinamentos ancestrais africanos sobre os
relacionamentos. Em seu livro tem uma metáfora maravilhosa comparando a
construção da intimidade como uma a subida
na colina.
Ela diz que observou na cultura americana
que os casais costumam começar o relacionamento no topo da colina, onde existe
a sensação de romance e paixão. Mas um relacionamento que começa no topo não
terá pra onde evoluir mais e tenderá a descer a colina, forçando o enfrentamento
dos problemas que se tentou evitar.
Na cultura africana, a comunidade
juntamente com o casal, tendo em vista o propósito do espírito*, procura empurrar
gradualmente o relacionamento de baixo para cima na colina, e assim, quando
chegam ao topo, estão fortalecidos e levam a comunidade junto.
Para a autora, “O romance ignora todos os estágios de uma
união espiritual, em que começamos embaixo da montanha e, gradualmente,
caminhamos juntos até o topo; não deixa espaço para a verdadeira identidade das
pessoas aparecer; estimula o anonimato e força as pessoas a se mascararem”
(SOMÉ, p.106, grifo meu). E se relacionamos com o outro mascarado e não
conhecemos seu verdadeiro eu, não há intimidade.
Então, a construção da intimidade dá
trabalho e requer um investimento dos parceiros em conhecer a si mesmos para em
seguida se revelarem ao outro. Requer também um aprendizado da escuta sem
defesas, para que se possa conhecer o outro de maneira mais profunda, com suas
qualidades e defeitos, com sua luz e sua sombra.
O problema para os relacionamentos é
quando os indivíduos querem chegar ao topo da colina caindo de paraquedas e não
fazendo a caminhada da subida. Isso não é intimidade, mas sim duas pessoas
(des)conhecidas que compartilham apenas a parte prática da vida e suas ilusões.
Acredito que um dos maiores medos dos indivíduos sobre viver a intimidade nos
relacionamentos é a própria necessidade de terem intimidade consigo mesmos. Conhecer
a si mesmo é muitas vezes assustador quando passamos uma vida escondendo nossas
feridas infantis e nosso lado sombrio.
Outro medo é porque ao se revelarem,
ao mostrarem suas feridas mais profundas, ficarão vulneráveis ao parceiro, que
poderá usar suas fragilidades como arma em algum momento de raiva e
briga.
Infelizmente ou felizmente, há que
se correr tais riscos se deseja construir intimidade num relacionamento. E por que valeria a pena? Porque o ganho quando
se consegue chegar a uma intimidade
verdadeira é muito maior do que qualquer risco. É o ganho de se sentir
vinculado profundamente com outro ser humano e poder desfrutar de sentimentos
de pertencimento, cumplicidade, tendo trocas afetivas, amorosas, e compartilhando desejos de
crescimento e desenvolvimento de potencial de ambas partes.
Num texto posterior, escreverei
sobre os sete níveis de intimidade, segundo o autor Matthew Kelly. Aguardem!
E você leitor, consegue identificar
as relações que tem ou teve intimidade verdadeira? Compartilhe conosco no
espaço para comentários abaixo!
*Para detalhes sobre o pensamento da
cultura africana mencionada, conferir o livro.
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica em BH
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