PACIÊNCIA E PERSISTÊNCIA
QUALIDADES ESSENCIAIS NOS RELACIONAMENTOS
Recentemente assisti o filme “De Porta em Porta” dirigido por Steven Schachter, e inspirado na vida de Bill Porter. Uma
lição de vida. O personagem Bill Porter, portador de paralisia cerebral e com
algumas limitações físicas e de fala, consegue o emprego de vendedor de porta em porta na Watkins Company, a
partir do incentivo de sua mãe. O início do seu trabalho não é fácil, mas ele
relembra os sábios ensinamentos de sua mãe: paciência e persistência. Ao exercitar essas qualidades ele
consegue prosseguir e crescer no trabalho até conseguir um prêmio de melhor
vendedor do ano. Emocionante!
Paciência
e persistência não são características que se encaixam muito bem numa sociedade
ansiosa e imediatista como a nossa.
Lutamos demais contra o tempo além de sermos levados pela enxurrada do
consumismo capitalista. Sofremos pelo que não temos, mas não sabemos esperar
nem planejar, nem economizar, nem persistir de forma consciente; acabamos vivendo essa espera de forma inconsciente, porque a realidade não nos dá outra opção.
Nos
relacionamentos, muitas brigas e separações acabam acontecendo sem que essas
qualidades sejam exercitadas ou desenvolvidas. Na minha prática clínica é comum
os casais quererem mudanças rápidas sem passar pelo processo de mudança pessoal
individual. Sempre culpam o parceiro
e têm muita dificuldade de identificar seus 50% e se responsabilizar por eles.
Como
seria exercitar a paciência na prática dos relacionamentos? Seria um exercício com várias etapas, não necessariamente
em sequência, a saber:
1. Conhecer a si mesmo, seus sentimentos, necessidades e desejos e responsabilizar-se pelos mesmos, aprendendo a cuidar de si;
2. Reconhecer o parceiro como uma
pessoa que tem suas próprias necessidades e desejos, e não como uma pessoa que está a nosso serviço;
3. Não levar toda rejeição ou falas negativas que receber
pelo lado pessoal, avaliando racionalmente o que foi dito;
4. Compreender o parceiro como alguém
que tem dificuldades pessoais e que também precisa de um tempo
para dar conta de realizar as mudanças que se propôs a realizar;
5. Reconhecer que não temos controle
nenhum sobre o parceiro e só ele pode mudar a si mesmo, caso queira;
6. Buscar o autocontrole das próprias emoções
de frustração e raiva;
7. Não levantar muros de defesas como justificativas,
ataques e silêncios e estar aberto para o diálogo e a escuta verdadeiros;
8. Sair da rigidez de querer o poder
(ganhar a briga ou ter a razão) a qualquer custo e buscar a flexibilidade;
9. Estar aberto a negociações.
No
filme, o personagem tem que lidar com várias situações frustrantes como porta
na cara, pessoas que o ignoram, brigas entre vizinhos,
mas ele segue em frente, sem se abater com toda a rejeição. E então é
possível identificar sua persistência.
A
persistência requer que cada indivíduo
mantenha-se constante no seu objetivo, por muito tempo, por isso tem a ver com
perseverança. Por mais difícil que seja alcançar a meta planejada, é a
capacidade de insistir no caminho, buscando superar os obstáculos que forem
aparecendo, que promoverá mudanças significativas nas relações.
Outra
característica comum nos casais da minha prática clínica é a falta
persistência. Sentimentos de apatia e preguiça os prejudicam na hora de
se manterem firmes nos propósitos de mudança que assumem na terapia. Isso acontece
mais quando os parceiros ainda estão no período de culpabilização do outro e,
portanto, de falta de responsabilização na sua mudança pessoal, pois se é o
parceiro o culpado, pra que fazer algum esforço?
Segue
outra lista sobre como persistir nos
relacionamentos:
1. Não se deixar abater pelas respostas
negativas do parceiro e seguir buscando suas próprias mudanças;
2. Buscar não competir com o parceiro
sobre quem está fazendo mais pela relação, nem passar a fazer menos se você achar
que está sendo lesado;
3. Dar sempre o seu melhor, para si
mesmo e para o parceiro;
4. Valorizar as pequenas conquistas que
forem acontecendo;
5. Não focalizar no resultado final
desejado e sim no processo de mudança.
6. Acreditar que primeiramente, você está
fazendo esse investimento por você mesmo, por desejar e acreditar na relação. O
resultado virá como consequência.
É importante saber a diferença entre persistência e tolice. Insistir em uma relação que não tem perspectiva de mudança é uma tolice embasada numa perspectiva de dependência mais do que de amor. Depois de um tempo buscando mudanças, se a relação não melhorar nem
crescer, pode ser necessário considerar um rompimento do vínculo. Paciência e
persistência não cabem em relações que se tornam abusivas e violentas cronicamente.
Como no ditado, “paciência tem limite”, e este limite é a não aceitação desses
padrões abusivos que não têm possibilidade de resolução.
Paciência
e persistência precisam ter uma base realista, onde podemos observar desejo, investimento e
movimentos de mudança de ambas as partes do casal.
Compartilhe
conosco, no espaço para comentários abaixo, suas experiências de paciência e
persistência!
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
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Referência das Figuras
1 – todas as imagens foram retiradas do google imagens.
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Oie,
ResponderExcluirnossa adorei o texto. Realmente paciência é uma das coisas que mais precisamos em qualquer relacionamento. afinal, são pessoas diferentes, ideais diferentes e criações diferentes.
bjos
http://blog.vanesasueroz.com.br
Olá Vanessa
Excluirobrigada por deixar seu comentário! Você falou de algo importante que são as diferenças. Geralmente temos muita dificuldade de lidar com a diferença dos nossos parceiros, não tendo paciência com seus defeitos e dificuldades. Precisamos aprender a respeitar essas diferenças para que a relação possa crescer...
Tentei visitar seu blog mas não consegui, a página não abre. Se puder verificar o endereço e deixar o corrigido, eu visitarei sua página!
Abraços
Adriana
Muito bom compartilhar das suas experiencias. O texto nos faz refletir sobre as relações humanas, e de como é difícil manter um relacionamento numa sociedade consumista.
ResponderExcluirVerdade Luzinete!
ExcluirAs demandas consumistas também consomem a energia dos casais em caminhos nem sempre necessários e saudáveis. É preciso avaliar quais as coisas mais importantes a se investir na relação a dois.
Obrigada por deixar seu comentário!
Abraços
Adriana Freitas
Nossa... Muito bom mesmo o seu texto. Paciência e persistência são duas atitudes imprecidiveis para a busca de uma boa relação.
ResponderExcluirClóvis
Que bom que você gostou Clóvis!
ExcluirCom certeza são elementos de suma importância, e infelizmente muitas vezes estão escassos. É importante desenvolver esse aprendizado constantemente.
Abraço
Adriana