BRIGAS DE NATAL
Este ano resolvi escrever um texto
nada romântico sobre o Natal. Celebrações onde as famílias extensas se
encontram, são campos propícios para que o mal resolvido das relações venha a
tona com toda força.
Ouço muito na clínica sobre pessoas
que não gostam do Natal, ou porque a família não cultivou um espírito de
celebração prazerosa, ou porque ocorreu uma perda importante nessa época, ou
porque os encontros natalinos são tensos devido aos conflitos que ocorrem.
Então, Natal não significa paz, amor
e solidariedade pra todo mundo, infelizmente.
Muitas vezes o conflito começa entre
o casal: em qual família de origem passar o Natal? Se existe tradição nas duas
famílias, cada um pode querer puxar pro seu lado. Se as famílias moram longe,
piora a situação. Por trás dessa questão, existe um esquema de lealdade às
origens. Muitas vezes o casal sai dividido, cada um vai pra sua família de
origem. Como nova unidade familiar, o casal não deveria se separar, mas eles
não sabem negociar entre si uma decisão plausível, não querem abrir mão. A negociação é um
aprendizado fundamental assim como escolher a quem você será leal: ao seu novo
sistema casal-familiar ou à sua família de origem.
Outro ponto que gera conflitos é o
excesso de bebida. As pessoas quando passam do limite do álcool, são acometidas
de um encorajamento para falar sentimentos que ficam ocultos em sã consciência.
Estes sentimentos vão sair em forma de cobranças e acusações sobre o que o
outro não deu ou deixou de fazer, ou fez e não devia ter feito. Mediante a
acusação, a outra pessoa vai levantar um muro de defesa se distanciando cada
vez mais e gerando mais ressentimento, ou vai responder como aquele ditado “a
melhor defesa é o ataque”. Assim está instalada a confusão.
Por detrás dessas cobranças e
acusações, fica muito claro, do ponto de vista psicológico, que as pessoas não
se tornaram adultas. Elas ainda estão magoadas com as feridas infantis, e
presas em expectativas de que os familiares fossem finalmente amorosos.
Nos encontros natalinos, as
dinâmicas relacionais se repetem. Pais, irmãos e parentes continuam com suas
dificuldades amorosas do passado. Nada mudou. As famílias evoluem muito pouco
ao longo dos anos. Nem sempre os pais ficam sábios na velhice, eles também
continuam repetindo suas antigas doenças emocionais.
É uma ingenuidade ficar esperando
essas mudanças. É uma infantilidade.
As famílias também continuam a fazer
os mesmos jogos emocionais do passado. Se o indivíduo não aprendeu a se separar
do caos emocional de sua origem, ele com certeza irá cair nesses jogos mais uma
vez, se envolvendo e se machucando.
Como não cair nesses jogos familiares?
Como se despir das expectativas?
Na psicoterapia trabalhamos, entre
muitos, dois pontos importantes:
Separação
Emocional da Família de Origem
A separação emocional significa
investir no processo de se tornar verdadeiramente adulto.
É encarar suas carências infantis,
abandonando a intenção infantil de ser amado de forma idealizada.
É parar de cobrar o amor dos pais e
da família e aceitá-los exatamente como são, com todas suas limitações humanas.
É investir cada vez mais no
aprendizado de cuidar de si mesmo com qualidade, de atender suas necessidades
afetivas, emocionais, físicas, intelectuais, psicológicas e espirituais.
Autoestima
É o aprendizado de gostar de si
mesmo, independente das qualidades e defeitos que possui.
Significa buscar coerência,
sintonizando pensamento, sentimento e ação, ou seja, agir conforme você pensa e
sente.
É também aprender a respeitar seu
limite e o limite dos outros, estabelecendo fronteiras saudáveis.
Inclui o movimento de abraçar o seu
passado com compaixão e abraçar o seu futuro com firme decisão.
É tornar-se responsável por todos os
aspectos de sua vida e trabalhar pela sua melhoria e dos demais a sua volta.
Então, se você cuida de você bem, se
tem uma autoestima saudável, se não tem mais (muitas) expectativas com sua
família, os conflitos familiares serão compreendidos de outra forma e você
saberá onde deve ou não deve intervir, quando deve colocar limites e quando
deve ir embora.
As Brigas de Natal refletem as
dinâmicas emocionais familiares. Algumas pessoas ficarão presas e repetirão
essas relações nas gerações seguintes. Outras farão a escolha de tornarem-se
adultas.
Qual sua escolha, estimado leitor?
Desejo a todos um Natal reflexivo e
de crescimento pessoal pra todos!
Adriana Freitas
Psicoterapeuta Sistêmica
em Belo Horizonte
Instagran: @solteirosecasais
Referência da Figura:
1. foto extraída do google imagens
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