CANSEI DO TINDER
CAMPANHA POR UMA VIDA MAIS REAL
Como alguns leitores devem saber –
vide post “Na era das redes sociais ninguém passa a gente pra trás – evitando entrar numa furada relacional” - eu utilizei o tinder, aquele aplicativo para
android que funciona semelhante a um site de relacionamentos, com objetivo de
conhecer potenciais parceiros para uma relação, já que estou solteira.
Durante todo meu período de uso,
conheci pessoalmente três homens, e todos os encontros foram muito prazerosos.
Mas virtualmente, conheci uns quantos que não saíram das mensagens do chat do
tinder ou do watsapp nem para um telefonema nem para conhecer ao vivo.
Algum tempo topei essa coisa de
ficar teclando mensagens virtuais até que comecei a ficar cansada de “nadar,
nadar e morrer na praia”, ou seja, descobri que essa dinâmica de mensagens
tomava muito tempo da minha vida mas me dava muito poucos elementos para conhecer
verdadeiramente o outro. Acabei decidindo apagar meu perfil e inclusive o
aplicativo tinder do meu smartphone.
O clique, a chave que me fez mudar
de ideia foi quando assisti o filme “Trem Noturno para Lisboa” dirigido por
Bille August. Raimund Gregorius,
personagem central da trama, representado por Jeremy Irons, sai numa viagem
imprevisível para Lisboa, buscando compreender a história de um livro que acha
no casaco de uma moça, a qual salva do suicídio. Ele fica fascinado por todo o
enredo e entorno da vida do autor do livro e enquanto se envolve na busca de
informações, acaba experimentando novas emoções em sua pacata vida, e fazendo
uma reflexão sobre como teve uma existência desinteressante e vazia. A literatura
e a investigação lhe oportunizaram um pseudo-viver através dos personagens, semelhante
ao que acontece no mundo virtual atualmente.
Me identifiquei com o personagem do
filme na questão de viver uma fantasia e não uma realidade. Talvez eu também esteja vivendo virtualmente, não a vida dos personagens literários, mas os personagens limitados que
eu o os "homens virtuais" construímos.
Viver virtualmente não é viver. Relacionar
virtualmente não é relacionar, mas nos dá a ilusão de que estamos vivendo um
relacionamento onde de fato não existe um, como foi para Raimund Gregorius.
Construímos todo um universo fantasioso e criamos expectativas sobre o mesmo,
que na maioria das vezes acabam sendo frustradas.
Essa é uma grande defesa utilizada
por muitos indivíduos na contemporaneidade. No mundo virtual tudo pode ser
bonito, perfeito e sem problemas. No muito real temos que lidar com
dificuldades, defeitos e com as nossas piores partes e as do parceiro. Assim,
acabamos nem dando a chance para o real, preferindo não arriscar.
O tinder como ferramenta de conhecer
pessoas seria mais interessante se não estivesse reforçando as nossas defesas.
Então, decidida a abandonar minhas próprias defesas, comecei a mudar o foco das
minhas buscas, iniciando a “campanha por uma vida mais real”.
Nesta “campanha” defendo algumas ideias antigas que pra mim fazem bastante sentido para esse processo de mudança:
1.
Mude o foco de buscar desesperadamente viver um relacionamento ou
sexo, para o foco do simplesmente viver o que a vida estiver lhe oferecendo
neste momento.
2.
Saia com amigos, família ou quem ame, passeie bastante em todos os lugares que goste,
dando oportunidades para o acaso promover encontros esperados e inesperados.
3.
Fale ao telefone, ouça a voz da pessoa especial que está do outro
lado da linha seja amigo, familiar ou parceiro.
4.
Corra o risco de deixar-se envolver até mesmo quando seu coração
puder ficar partido.
5.
Olhe no olho da pessoa que estiver conversando com você, deixando
as tecnologias de lado ou guardadas no bolso.
6.
Lembre-se dos sonhos antigos ou dos recentes, grandes ou pequenos,
e tente realizá-los.
7.
Sinta... a brisa, o frio, a chuva, as fortes batidas emocionadas
do coração.
8. Faça exercícios, mas tire alguns
dias para fazer caminhada ou corrida ao ar livre, nos parques e praças, não ficando
apenas em academias.
9. Se olhe no espelho, olho no olho,
com menos crítica e mais afeto.
10. Falando
em visão, esteja bem de olhos abertos e cabeça erguida para enxergar as oportunidades
que lhe aparecem pelo caminho, sejam elas quais forem.
E é sobre esse último tópico que indico o vídeo abaixo, "Look Up" (em inglês) de Gary Turk, abordando maestralmente o assunto, e como adendo vale a pena conferir o texto de Raquel Temistocles.
E você leitor, deseja participar dessa campanha? Tem mais alguma sugestão para nossa lista? Deixe suas reflexões nos comentários abaixo!
E você leitor, deseja participar dessa campanha? Tem mais alguma sugestão para nossa lista? Deixe suas reflexões nos comentários abaixo!
Adriana
Freitas
Psicoterapeuta
Sistêmica em BH
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Referências das Figura
1 – http://penso--logo-escrevo.blogspot.com.br/2012/06/e-que-eu-sou-bicho-arisco-seu-moco.html
2 - http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-funcionam/por-que-e-tao-dificil-sair-da-internet-e-ir-trabalharestudarler-um-livro/
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A-DO-REI. kkkkk Bravooooo! Estou vivendo essa mesmíssima situação sua, querida...separada há 7 meses e aos 50 anos, me sentindo a ultima bolacha quebrada do pacote...kkkk (não é este seu caso,claro).Nunca tinha ouvido falar deste aplicativo, mas tenho pesquisado um pouco e é desanimador o que alguns sites de relacionamento tentam fazer. Sei lá...talvez o problema seja meu mesmo. Amei sua lista e tenho buscado viver dessa forma mesmo porque não dá pra viver uma sucessão de casinhos virtuais, tive alguns e sinceramente, não valeu a pena...exceto pela aprendizagem.
ResponderExcluirbjo pra vc, sua fã do seu blog, visite o meu também, será um prazer.
Adorei seu comentário Maria Tereza! Obrigada por participar do blog! Realmente as redes sociais podem ajudar mas tem momentos que é desanimador. Não acho que seja um problema seu. As vezes a coisa simplesmente não acontece, por mais que a gente tente. Como é o nosso caso. O importante é buscarmos uma qualidade de vida independente se temos ou não um parceiro, não é mesmo?!
ResponderExcluirParabéns pelo seu blog, li um dos textos, está de parabéns! Como não colocou o endereço, coloco aqui em seguida:
http://blogchaoucafe.blogspot.com.br/
Abraços, Adriana Freitas
Ótimo! sempre dei mais importância na "vida ao vivo", olhar nos olhos, sentir o cheiro, sentir a pele...isso tudo vem com um sentimento que não se explica. A tecnologia tem o seu espaço, mas não consegue preencher o espaço humano. Obrigada por participar do seu blog. Abraços, Marlúcia Maia
ResponderExcluirOlá Marlúcia, obrigada por deixar seu comentário! Estou totalmente de acordo! A tecnologia "não consegue preencher o espaço humano"! Somos carentes de contato, e principalmente de um contato de qualidade.
ResponderExcluirUm abraço, Adriana
Nossa...quanta verdade!!! Estou solteira há um ano e conheci o tinder através da indicação de uma amiga. Pensei que somente eu tivesse excluído o aplicativo com essa sensação...vazio...conversando e "curtindo" diversos "potenciais parceiros". Mas peraí, isso não é bem parceria...aliás, não encontrei nada de parceria...porque verdadeiramente não conheci ninguém, apenas apresentaram superficialidades e no início tudo é tão bonito, ninguém quer mostrar defeitos não é mesmo? rsrs Triste e frustrante realidade, porque percebi que não estou disposta a ficar limitada a troca de mensagens e "sumiços" repentinos...porque sim, foi isso o que aconteceu. Não fui digna nem de um mero tchau quando percebiam que procurava algo mais do que saídas. Após esses encontros e desencontros percebi (pelo menos no que vivi e uma outra amiga que também utilizou o Tinder) que os aplicativos de paquera na verdade não são uma nova forma de romance, mas sim uma forma rotativa e fácil de conhecer pessoas sem compromisso. Sinto que “de cara” esse tipo de aplicativo não é para conhecer uma pessoa, mas várias e assim a diversão é garantida, para quem busca esse tipo de coisa para se firmar no mundo...o que definitivamente não é o meu caso. Do que adiantam diversas "combinações" e na realidade zero de compatibilidade, desprezo à empatia e aos verdadeiros valores do outro como ser humano. Quando voltamos à vida real percebemos que muito dificilmente encontraríamos aquela pessoa nos lugares em que frequentamos (comigo foi assim), e muito mais difícil admitir, mas é fato, o aplicativo não é para quem deseja encontrar um relacionamento sério ( a regra, e não vou pensar nas exceções felizes...rs). Quando a frustração acontece nos damos conta “claro, queria o quê? É só curtir a pessoa no aplicativo, bater papo, sair...pufff Próximo”...Por isso excluí minha conta, decidi fazer o que já deveria ter feito há tempos: ficar atenta à vida real. Adorei a matéria, vou pôr em prática a campanha! Beijos, e vou seguir o blog a partir de agora, bastante me identifiquei! Amor próprio meninas, é difícil superar, mas bola pra frente!
ResponderExcluirOlá Lidieva, obrigada por deixar seu comentário! Realmente é muito frustrante todo esse investimento no Tinder para terminarmos compreendendo que a maior parte das pessoas que usam o aplicativo não o fazem buscando um relacionamento, como é o nosso caso. A oferta e a facilidade de conversas distantes e encontros breves faz com que essas "relações" se tornem descartáveis, sem um mínimo de consideração. Quem sabe na nossa campanha, se estivermos de olhos abertos para a vida real possamos então encontrar nossos semelhantes!?
ExcluirUm abraço, Adriana
Sim Adriana! Olhos abertos e atentos...vivamos a realidade! Abraço!
ResponderExcluirOlá Adriana! Adorei seu texto! Após utilizar o tinder e Lovoo durante um tempo, cheguei à mesma conclusão que você. Parabéns pela brilhante dissertação.
ResponderExcluirObrigada Renato. Fico feliz que tenha deixado seu comentário aqui. Pois é... infelizmente as pessoas que encontramos nos aplicativos e a forma das relações ali estabelecidas não corresponderam nossas expectativas. Valeu a tentativa, mas depois da minha decisão de não usar mais o tinder e da campanha por uma vida mais real, não estou sentindo nenhuma falta do aplicativo, e cada vez mais dando valor para a vida nos seus mínimos detalhes no dia a dia.
ExcluirUm forte abraço,
Adriana
Parabéns pelo artigo! Suas palavras refletem a realidade de muitas pessoas atualmente. Com a evolução da tecnologia cada vez mais pessoas aderem a viagem virtual, que na real acaba somente tornando o tempo mais escasso e estressante. Friso suas palavras com o reforço que devemos viver cada dia como ele é e com quem esta a nossa volta, com ajuda do acaso ou não, pois acredito que estamos aqui para viver sentimentos e aprender. Então o intuito é viver cada dia intensamente, aproveitando o máximo que a vida pode oferecer de forma inteligente é claro.
ResponderExcluirDeixo um grande abraço.
Thiago
Olá Thiago
Excluirobrigada por deixar seu comentário no blog! Concordo com suas palavras: devemos viver cada dia como ele é e estamos aqui para viver sentimentos e aprender! É preciso que estejamos abertos para isso. Na nossa ansiedade contemporânea queremos controlar tudo e fica difícil aproveitar o momento presente, mas se estivermos abertos pra vida, ela nos trará ótimos aprendizados.
Outro abraço pra vc!
Adriana Freitas
Legal esse compartilhamento. Pois é, acho que nossa face digital, que é uma ''migração'' de nossas interações está desmontando o que somos, não no sentido social, no sentido natural, esse estranhamento ou incomodo com essa socialização mediada por um computador ou celular é muito clara, infelizmente as pessoas estão assimilando essa modernidade da era dos APP's de encontros como mais uma maneira eficiente e achando normal estranhar, ter que se adaptar; digo por experiência própria que não consigo achar sentido nessa interação mesmo crescendo com computadores, celulares,tudo parece bem artificializado, sem verdade. Pessoalmente tentamos ocultar coisas imagina virtualmente rsrs.
ResponderExcluirQue bom que você gostou do post Otávio!
Excluira forma como temos usado as tecnologias tem sido bastante doente mesmo. Infelizmente ela acaba se transformando em uma forma de distanciamento ao invés de aproximação em muitos casos. Precisamos criar uma consciência crítica para podemos saber como utilizar as redes a nosso favor e não contra nós mesmos.
Agradeço por deixar seu comentário
Um abraço